sábado, 4 de fevereiro de 2012


Uma peça na engrenagem

"Todo o tempo é composto de mudança", disse-o Luís Vaz de Camões. Todas as épocas
têm as suas particularidades e todas as vontades são resultado do tecido social e económico vigente.
Toda a História é uma lição. Uma lição mal aprendida e repetida em intermináveis erros que nos têm conduzido inevitavelmente às mesmas clivagens, aos mesmos receios e à mesma realidade: um fosso intransponível entre ricos e pobres.
Talvez, olhando para trás no tempo, estejamos a viver na época em que mais nos aproximamos de uma pressuposta igualdade, ou, pelo menos, uma maior abertura a todos de mais oportunidades e por tal, ousámos sonhar mais alto!
Mas na verdade não será toda essa aparente abertura um véu de encobrimento de uma realidade em que apenas alguns efectivamente, exercem o poder, enquanto outros se subjugam com maior ou menor resignação?
Está na hora de dizer um basta!
Não um "basta" ao regime democrático, não um "basta" ao Capitalismo mas sim um "basta" à injustiça social na qual temos vivido desde sempre, desde que o mundo é mundo e que o Homem é Homem!
De facto poder-se-ia pensar que não passamos de pequenos parafusos na engrenagem da grande máquina social, complexa, senhora de si, que crê funcionar de forma autónoma, sem controlo, sem dono, sem mestre.
Mas se apenas uma peça se solta dessa engrenagem, ainda que a máquina não ceda, pode já não funcionar em plena forma, do seu modo egoísta e despreocupado, com uma clara ausência de escrúpulos.
E se essa pequena peça suportasse outras peças que, face à sua ausência, se vão afrouxando e soltando da grande máquina até caírem, a máquina não terá mais força para andar e acabará por ceder e talvez nunca mais consiga ser reparada! Porque a verdade que nos falta pronunciar alto é esta: cada peça é fundamental, única e insubstituível. Cada peça é uma peça chave para que o mecanismo funcione! O mecanismo, que se julga autónomo, não funciona com peças enferrujadas ou frouxas. O mecanismo que se julga autónomo precisa de ser oleado para que trabalhe sempre bem. Não oleá-lo em excesso para se tornar gorduroso e ganhar um excesso de força que acredita natural mas que ultrapassa a sua verdadeira capacidade de trabalho! Precisa de ser oleado na medida certa para que colabore sem queixas ou limitações, para que não emperre ou parta, para que não deseje deixar de funcionar.
Talvez seja a altura de perceber que a singela peça da engrenagem é importante! Porque cada peça tem o seu espaço próprio, cada peça encaixa onde deve encaixar, cada peça desempenha a sua função e cada peça precisa de outra peça para fazer a diferença!

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