sábado, 19 de outubro de 2013

O Homem, os Deuses e a religião ao serviço do Homem

No princípio havia somente o Caos.
E do Caos nasceram as formas das coisas.
E dessas formas nasceu o Mundo.
E no Mundo plantou-se uma semente.
E da semente nasceu o Homem.
E o Homem cresceu, construiu, criou e destruiu.
Mas na sua febre de saber e de viver, o Homem sempre temeu o desconhecido, a chuva que cai e inunda a Terra, o Sol que se ergue e que se põe, o relâmpago que rasga o céu, e tantas outras coisas sem nome que o Homem não podia explicar.
Como todo o ser que teme o que não conhece, sentiu necessidade de dar um nome ao desconhecido, ao acaso, ao incerto.
E assim nasceu o conceito de Deus e de Religião.
Com mais ou menos variantes, uma ou mais divindades, a religião é a forma profunda de cada um exprimir os medos e os anseios que tem, podendo simultaneamente justificar os infortúnios e os pequenos descontentamentos diários, num mundo que sempre o suplantou e surpreendeu.
Não longe desta realidade, os Romanos também viram nascer os seus deuses. Primeiro, das coisas mais simples, personificando as forças e as formas da Natureza, e depois, mais complexos, relacionando-os com as suas cidades, as suas conquistas, conceitos ideológicos, entre outros aspectos.
O domínio do mundo e o esplendor das conquistas, permitiram aos Romanos entrar em contacto com realidades socioculturais e religiosas bastante diferentes da sua. Isto todavia, não os impediu de uma forma mais ou menos passiva, de aceitar ou permitir a liberdade cultual ao vasto rol de habitantes do Império, se deixarem de assegurar uma mostra do poderio dos seus deuses que passaram a ser venerados em todos os cantos do Império.
Mas como é normal, nos locais já bafejados pelo sopro de outras divindades, os cultos acabam de uma forma ou de outra, por se enraizar e misturar, sincretizando aspectos do antes e do depois.
Assim, as populações indígenas foram assimilando ao seu modus vivendi as divindades vindas da capital romana e de todas as partes do Império, adaptando obviamente as suas características ao seu gosto e às suas necessidades religiosas, associadas à vida quotidiana.
Não será portanto de estranhar que com o status mudasse o culto e a forma como este se apresentava, sendo mais ou menos ostensivo e mais ou menos "interesseiro" consoante as necessidades de quem o praticava.

                                                                         Ana Resende
     

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