Há uns tempos, numa dessas conversas de circunstância que no fundo nada teve de banal, dei por mim num interessante diálogo com uma aluna minha: somos o que pensamos ou pensamos o que somos?
Na realidade vejo-nos como sendo mais do que aquilo que pensamos porque a mente humana tem uma complexidade de raciocínio que ultrapassa muito mais do que aquilo que aparentemente vemos.
A bem dizer, isto dava "pano para mangas" e fez-nos encetar uma conversa que muito passava para lá dos limites da aula de História e prosseguia por meandros de complexidade filosófica do ser, do parecer, do ambicionar ser e do que de facto se é.
Fez-me pensar e eu gosto de pensar!
Infelizmente concluí que muitos não chegam a fazê-lo ao longo da vida! Pelos menos na verdadeira acepção do que é pensar, não no gesto inato de respirar e oxigenar o cérebro! Muitos tomam o certo por garantido, o óbvio como verdade, o visível como real!
Mas seremos apenas só isso?
Acho que o nosso cérebro é muito mais complexo do que uma qualquer explicação que possa aqui tentar almejar dar!
A conversa deslizou solta para variadíssimas temáticas como o acaso, o destino, o controlável e o incontrolável, psicopatias e razões motivacionais, o ser naturalmente bom ou naturalmente mau, as opções aparentemente voluntárias e induzidas, etc...
E depois de tão aceso debate a que demos livre curso, apenas conseguimos concluir que é um mistério o "ser ou não ser"! E realmente é mesmo essa a questão!
Somos e temo-nos como supostamente como o ser mais complexo e evoluído mas somos também o único na Natureza capaz de idealizar os actos mais cruéis para com o nosso semelhante. Somo simultaneamente o mais destrutivo mas também aquele que é capaz das obras mais grandiosas. Somos senhores racionais e emocionalmente fortes e dominantes, mas se abrirmos bem os olhos, a mente e o coração, somos capazes de aprender com aquilo que nos rodeia, em especial com os animais, o verdadeiro sentido de altruísmo, afecto e amor incondicional.
Temos um cérebro imenso para explorar, mas perde-mo-nos em banalidades diárias e nas preocupações supérfluas, sem lhe dar o devido uso.
Acreditamos ser donos de tudo, mas não conseguimos controlar o tempo e muito menos o nosso fim.
Por isso questiono-me: haverá algo superior, uma centelha divina que tudo controla, até o próprio pensamento humano?
Ana Resende
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