quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Da complexidade do ser

Há uns tempos, numa dessas conversas de circunstância que no fundo nada teve de banal, dei por mim num interessante diálogo com uma aluna minha: somos o que pensamos ou pensamos o que somos?
Na realidade vejo-nos como sendo mais do que aquilo que pensamos porque a mente humana tem uma complexidade de raciocínio que ultrapassa muito mais do que aquilo que aparentemente vemos.
A bem dizer, isto dava "pano para mangas" e fez-nos encetar uma conversa que muito passava para lá dos limites da aula de História e prosseguia por meandros de complexidade filosófica do ser, do parecer, do ambicionar ser e do que de facto se é.
Fez-me pensar e eu gosto de pensar!
Infelizmente concluí que muitos não chegam a fazê-lo ao longo da vida! Pelos menos na verdadeira acepção do que é pensar, não no gesto inato de respirar e oxigenar o cérebro! Muitos tomam o certo por garantido, o óbvio como verdade, o visível como real!
Mas seremos apenas só isso?
Acho que o nosso cérebro é muito mais complexo do que uma qualquer explicação que possa aqui tentar almejar dar!
A conversa deslizou solta para variadíssimas temáticas como o acaso, o destino, o controlável e o incontrolável, psicopatias e razões motivacionais, o ser naturalmente bom ou naturalmente mau, as opções aparentemente voluntárias e induzidas, etc...
E depois de tão aceso debate a que demos livre curso, apenas conseguimos concluir que é um mistério o "ser ou não ser"! E realmente é mesmo essa a questão!
Somos e temo-nos como supostamente como o ser mais complexo e evoluído mas somos também o único na Natureza capaz de idealizar os actos mais cruéis para com o nosso semelhante. Somo simultaneamente o mais destrutivo mas também aquele que é capaz das obras mais grandiosas. Somos senhores racionais e emocionalmente fortes e dominantes, mas se abrirmos bem os olhos, a mente e o coração, somos capazes de aprender com aquilo que nos rodeia, em especial com os animais, o verdadeiro sentido de altruísmo, afecto e amor incondicional.
Temos um cérebro imenso para explorar, mas perde-mo-nos em banalidades diárias e nas preocupações supérfluas, sem lhe dar  o devido uso.
Acreditamos ser donos de tudo, mas não conseguimos controlar o tempo e muito menos o nosso fim.
Por isso questiono-me: haverá algo superior, uma centelha divina que tudo controla, até o próprio pensamento humano?

                                                Ana Resende

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